Relíquias: "Debaser" - Pixies

Postado por Beckenbauer On quinta-feira, agosto 07, 2008

Pixies. Incrível como um número enorme de gente ouviu falar e pouquíssima gente ouviu de fato. O normal é a pessoal nem ter idéia do que se trata. Alguns sabem que "Here comes your man" é deles. Se o sujeito for muito bem informado, então assistiu ao filme "Clube da luta" e sabe que a música da última cena é "Where is my mind?". Tá, tudo bem, todo mundo leu à respeito da adoração que Kurt Cobain tinha por Francis Black e sua trupe. E será que você desconfia o motivo desta adoração? Porque esse ex-universitário gordo da U Mass (Universidade de Massachussets, pegou?) soube em fins dos anos 80 fazer músicas que recuperavam a tradição da melodia pop no rock, assim como os Beatles faziam nos idos de 60. Certo, nem tanto assim, pelo simples fato de que Francis Black tinha prazer em "estragar" essas belas melodias sempre que podia: com guitarras distorcidas atravessadas, gritos inesperados, e o que talvez tenha sido o que mais impressionou Kurt Cobain, que ao comentar um certo Nevermind afirmou que só estava tentando soar como Pixies: o que tanto impressionou o homem foram além da melodias, as letras, que falam invariavelmente sobre tortura, morte, desvios psicológicos e afinidades. Este Doolittle é o sucessor do mais que elogiado Surfer rosa, produzido por Steve Albini (aquele produtor dos grunges) e lançado no ano anterior. Em termos de crítica, Doolittle e Surfer rosa duelam lado a lado pelo posto de melhor álbum da banda, mas há uma diferença fundamental entre os dois; enquanto Steve Albini fez questão de "detonar" todo o som limpo que pudesse haver em "surfer", neste, o novo produtor, Gil Norton, preferiu dar ênfase em sons mais limpos, buscou trabalhar mais os back vocais de Kim Deal, o que gerou canções belíssimas como "I bleed", "Monkeys gone to heaven", "La la love you", "Hey" e pricipalmente esta, que já abre o disco com assombrosa expressão: "Debaser". "Debaser" é uma coisa meio difícil de explicar, pois toda vez que ouço penso em The Clash, mesmo não tendo muito a ver. Ou talvez tenha até demais e ninguém perceba (ou admita). Mas tanto no que se refere à música quanto ao que se refere ao álbum, não se deixe enganar pelas palavras (merecidamente) elogiosas deste que vos escreve: toda a demência e originalidade características do Pixies não se ausentam em Doolittle. Estão apenas mais trabalhadas.


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