Postado por
Beckenbauer
On
quinta-feira, agosto 14, 2008
Quando: agosto de 2002. Lugar: cidade de Nova York. Quem: Paul Banks, Samuel Fogarino, Carlos D. e Daniel Kessler. Muita gente fala que eles têm uma forte influência de Joy Division. E possuem mesmo, ainda bem, porque nem todo mundo sabe escolher suas influências e expressá-las (exatamente, falo de expressão, não de cópia) com tamanha clareza e coerência. E digo "suas influências" porque com certeza estes novaiorquinos não pararam no Joy Division apesar de ser a mais flagrante influência; é possível notar no som deles um certo grau de parentesco com o U2 do Boy e com a produção do Echo & the bunnymen na década de 80.Este Turn on the bright lights é a estréia do Interpol (e diga-se de passagem, que estréia! Aterradora no mínimo) e foi escrito em parte dentro dos trens do metrô de Nova York, pelos membros da banda à caminho da faculdade. O som é fascinante pela facilidade com que consegue aliar momentos de clara tristeza à músicas impetuosas e estimulantes sempre com um quê de enigma, como a abertura, Untitled, que avisa: "Vou te surpreender algumas vezes". Pra explicar a vertigem de uma audição de Turn on, se imagine acordando de ressaca, levantar da cama e já sair de casa correndo em uma maratona, conversar com uma bela mulher até conquistá-la e no momento seguinte... Entrar em uma briga com um cara mais forte que você, e que você nunca viu mais feio. Pois ao meu ver, são de momentos imprevisíveis como estes que a música do Interpol é feita. E assim como as vestimentas dos integrantes da banda, sempre em seus impecáveis ternos, as músicas e o encadeamento dos instrumentos seguem a lógica da imprevisibilidade e elegância. Do contraste entre o preto e o Branco, do velho e do novo. E é por issoque não se pode criticar o som deles: Ao ouvir o som do Interpol, se você tiver um mínimo de sensibilidade e conhecimento de cultura pop, vai perceber que eles revivem o Joy Division (principalmente no vocal), mas que não param por aí, pois criam suas próprias referências, o que é muito importante, pois para que tenham relevância é necessário que apresentem algo novo, ainda mais nesta época de tão fácil acesso à pesquisas e comparações. Obstacle 1 é sem dúvida a primeira música que chama atenção de qualquer um que pare para ouvir o album, e por motivos bem simples: duas guitarras que conversam muito bem, um baixo que dá cobertura ao flerte, uma bateria que convida a dançar, e porra, que vocal é esse? "She can read, She can read, She can read". Sim, por mim, ela pode ler, escrever, pintar e bordar, que a festa só termina depois do amanhecer. Se terminar.
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